segunda-feira, 18 de maio de 2015

Joba Tridente: Oficina HAI-KAI Sem Compromisso


Oficina Cultural HAI-KAI Sem Compromisso
de Joba Tridente

Em 2015 estou comemorando 20 anos de Oficineiro Cultural e recolocando em catálogo a Oficina Cultural HAI-KAI Sem Compromisso (Poema Curto) criada em 1996, a pedido do SESC da Esquina, de Curitiba-PR, para trabalhar com crianças. A Oficina HAI-KAI Sem Compromisso foi orientada pela primeira vez em unidade do SESC de Cascavel e depois de Francisco Beltrão. Na sequência em Curitiba e vários municípios do Paraná, através de diversos projetos culturais. Nasceu como uma Oficinatividade, ou seja, uma Oficina de Iniciação que se bastava em pouco mais de uma hora. Com o interesse crescente de jovens e adultos ela foi reelaborada e a carga horária passou para 16 h. Hoje ela é oferecida em 1 a 2 h/a, 10 a 12 h/a e 16 a 20 h/a.

Hai-Kai
sem compromisso


Orientador: Joba Tridente
Oficinandos: crianças (alfabetizadas), adolescentes e adultos
Carga Horária: 1 a 2 horas (iniciação): crianças alfabetizadas
   10 horas a 20 horas: adolescentes e adultos

NOTA: A Oficina de 1 a 2 horas (iniciação) também é aberta aos adolescentes e adultos.
            
Objetivo: Trabalhar as emoções e os sentimentos através da compreensão da poesia pura que é considerada o Hai-Kai, uma linguagem poética que surgiu no Japão entre os séculos XIII e XV e em sua forma clássica é composta de 17 sílabas, distribuídas em 3 versos de 5 sílabas, na 1ª estrofe, 7, na 2ª, 5, na 3ª.

Muitos estudiosos do Hai-Kai veem esta forma poética como um estado zen tanto do ponto de vista de quem escreve, quanto de quem esse poema curto. Pois, para as duas ações, é necessário um total relaxamento mental e espiritual para se deixar levar pela beleza e simplicidade das imagens e a deliciosa sonoridade da linguagem:


Penso: as flores caídas
retornam aos seus ramos.
Mas não! São borboletas.
Arakida Moritake (1452 ou 1472-1549)
Tradução de Olga Savary – O Livro dos Hai-Kais – Massao Ono - 1980


Caracol
Docemente, docemente,
Escala o Fuji
Issa (1763-1827)
Tradução de Olga Savary – O Livro dos Hai-Kais – Massao Ono - 1980


Um doce ruído
interrompe meu sonho:
gotas de chuva sobre a folhagem.
Bashô (1644-1694)
Tradução de Olga Savary – O Livro dos Hai-Kais – Massao Ono - 1980


O Hai-Kai estimula o poeta a associar, de forma sintética, as mais diferentes ideias e, com um delicioso choque térmico nos sentidos, faz o leitor viver inesperadas emoções. Ele trabalha com a (re)existência de cada coisa e é considerado um poema de criação puramente intuitiva e não-intelectualizada. Ao optar pelo simples e a essência da Natureza, em toda a sua plenitude, poucos são os autores que se aventuram por esta forma literária. Talvez por sua excessiva (e aparente) simplicidade.

Partindo sempre do concreto para o abstrato, o propósito maior da Oficina Hai Kai - Sem Compromisso, que é ilustrada com objetos e passeios, não é o de formar poetas profissionais e sim o de estimular os participantes a se aventurarem no mundo literário da síntese verbal e da simplicidade visual num estado de puro deleite criativo.


borboletas brancas
parecem avencas
desabrochando
Ricardo Carraro, 7 anos - Pato Branco-PR – 1998
Oficina Hai-Kai Sem Compromisso


sentado na área
um homem
ao sabor do figo
Crislaine A. Riggo, 11 anos - Pato Branco – 1998
Oficina Hai-Kai Sem Compromisso


flor
vermelha
caindo pingos de chuva
Murilo Painim Marcondes, 7 anos - Pato Branco – 1998
Oficina Hai-Kai Sem Compromisso


ao poente
CRI! CRI! CRI!
grilos no sereno
Paula Maia de Souza, 10 anos - Curitiba – 1998
Oficina Hai-Kai Sem Compromisso


gansos selvagens
grasnando branco.
filhotes nascendo!
Iris Midory Franco, 10 anos - Curitiba – 1998
Oficina Hai-Kai Sem Compromisso


NOTA: Todo o material poético produzido na Oficina poderá ser publicado numa Edição do Oficineiro ou Edição dos Autores (conforme interesse dos oficinandos) em forma de livro ou PDF, para veiculação na Internet. Já publicado 12 livros.

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